As Antigas Obrigações
As Antigas Obrigações representam a primeira evidência escrita do ritual maçónico de Londres*, incluindo palavras-passe e sinais não-verbais de reconhecimento, e contêm os códigos de conduta e as histórias tradicionais das guildas medievais dos pedreiros.
Muitos destes documentos eram, em parte, um produto do seu contexto contemporâneo e foram escritos para justificar negociações salariais ilegais.
Além disso, também providenciavam apoio mútuo.
As mais antigas "Antigas Obrigações" remontam ao final do século XIV, quando as guildas começaram a funcionar como grupos locais de pressão económica com o objetivo de manter ou aumentar os salários através de negociações coletivas e práticas laborais restritivas. Contudo, tinham também uma função social e religiosa, não menos importante na prestação de educação básica e através do patrocínio de Mistérios teatrais e benefícios eclesiásticos.
Estes aspetos da vida das guildas eram uma continuação da sua função original como fundações religiosas.
Em termos gerais, as Antigas Obrigações compreendem três secções: uma declaração de fé religiosa - um testemunho de crença num Deus Trinitário - e uma profissão de lealdade ao rei e às autoridades legais; uma História Tradicional que inseria a maçonaria numa linha do tempo histórica para demonstrar a "legitimidade", algo importante onde a negociação salarial era proibida e necessitava de justificação; e um conjunto de regulamentos que governavam a organização da loja e o ofício de pedreiro.
As guildas apoiavam abertamente a Coroa e a Igreja, e uma profissão de fidelidade a Deus, lealdade ao rei e aos senhores, e obediência às autoridades religiosas formava a declaração de abertura.
A aceitação do status quo religioso, real e feudal era uma condição sine qua non para a sua existência.
E embora tais declarações formais não oferecessem proteção legal, juntamente com as histórias tradicionais que faziam referência a São Athelstan e São Albano, figuras icónicas da Inglaterra medieval, as Antigas Obrigações forneciam uma base sólida para justificar a negociação salarial.
O Manuscrito de Cooke deixa este ponto claro:
"Quem desejar tornar-se maçon deve, antes de mais nada, [amar] a Deus e à santa Igreja e a todos os Santos; e ao seu mestre e companheiros como se fossem seus próprios irmãos."
O manuscrito Watson, escrito em York cerca de um século depois, é semelhante:
"A primeira Obrigação é que deves ser [um] verdadeiro homem para com Deus, e a Santa Igreja, e que não uses nem erro nem heresia, de acordo com a tua compreensão, e de acordo com o ensino de homens discretos e sábios...
Deves ser um verdadeiro súbdito do Rei de Inglaterra, sem qualquer traição ou falsidade."
* - Não confundir com a actual UGLE.
@ Nota: A Imagem não está relacionada com as Constituições de Anderson de 1723
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