Editorial
Dificilmente alguém no final do século XX seria capaz de prever o grau de retrocesso civilizacional, com graves consequências para os Direitos Humanos, com que o século XXI teria o seu início.
Não se pode chamar progresso ao prolongamento da vida dos cidadãos se, em contrapartida, se faz deles uma parte desfavorecida da sociedade, votados ao abandono e à miséria em consequência da fragilidade natural de seres humanos com muitos anos de vida.
A questão das migrações é outro aspeto a reter.
Choca a indiferença com que são tratados os homens, mulheres e crianças que são forçados a migrar, em condições sub-humanas; pelas palavras, atos e omissões a que são votados pelo seu “crime”.
Choca a impotência das Nações Unidas e do seu Secretário Geral.
O ser humano apenas é tido em conta, tal como um mero produto, se, quando e onde houver garantias de alguém ser pago. Não bastando, os populistas culpam os refugiados de hoje de serem uma ameaça ao status quo civilizado, como os nazis culpavam os judeus e ciganos de ontem, de serem a causa de todos os seus males.
O populismo é, de facto, um dos cancros que se ergue periodicamente e que singra em sociedades com um baixo nível cultural, embora possam ser ricas em informação, como é, cada vez mais, a sociedade contemporânea.
Haveria alguém nos anos 90 do século passado capaz de prever a eleição de alguém como Trump nos EUA?
Ou que as extremas direitas, sem ideologia mas com fortes interesses, fossem tomando pouco a pouco lugares de relevo na governação dos povos?
A ameaça colocada à sociedade por parte dos gigantes digitais é, só por si, outro flagelo. Não só a capacidade de controlarem e explorarem os cidadãos através do uso dos seus próprios dados pessoais, mas também contando a estória paradigmática, triste, e inimaginável que se passa em Seattle, EUA.
Qualquer destes fatores, sejam extremismos, populismos, a ameaça dos novos dominadores digitais, ou o abandono dos nossos idosos à sua sorte, atenta contra a dignidade humana e os direitos fundamentais do ser humano.
E não é só “lá fora” que tudo se passa. É também à nossa volta.
Cada um de nós pode, e deve, estar atento e agir.
É por isso que consideramos que a questão dos Direitos Humanos é, neste início de século, uma questão premente.
É importante que nós, cidadãos, transformemos em conhecimento a montanha de informação que nos rodeia e cresce dia a dia.
Esta newsletter, da iniciativa da Comissão de Direitos Humanos da GLNP, pretende ser um modesto contributo nesse sentido, divulgando diferentes aspetos das organizações, recomendações, leis e factos relacionados com os Direitos Humanos.
Grão Mestre,
Ir.’. João Pavão
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