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FUTURO ADIADO

 

As crianças representam o futuro da humanidade, a promessa de um mundo melhor, mais justo e mais pacífico.


Contudo, nos dias que correm, o seu futuro está-lhes a ser sistematicamente negado em várias partes do mundo, desde a Palestina à Ucrânia, passando por outros cenários de conflito e injustiça.


Esta tragédia não apenas nega às crianças os seus direitos fundamentais, como também priva o mundo da esperança que estas transportam consigo.


Na Palestina, as crianças crescem sob o espectro constante da violência, da ocupação militar e da destruição.


Muitas conhecem apenas um quotidiano de checkpoints, bombardeamentos e demolições de casas.


Os seus olhos, que deveriam brilhar com a inocência da infância, estão marcados pelo medo e pela perda.


Estas crianças não conhecem o sabor de uma infância livre, de brincar sem restrições ou de sonhar com um futuro próspero.


Em vez disso, muitas enfrentam a morte de familiares, a prisão arbitrária e a impossibilidade de aceder a uma educação digna.


Estão a ser negados os alicerces básicos para que possam florescer como seres humanos e contribuir para um mundo melhor.


Na Ucrânia, a guerra tem ceifado a infância de milhões de crianças.


Desde o início do conflito, muitas foram forçadas a abandonar as suas casas, a deixar para trás brinquedos, escolas e amigos, enfrentando deslocações traumáticas e condições de vida precárias.


Outras, infelizmente, não sobreviveram aos ataques indiscriminados ou foram vítimas de violações dos direitos humanos.


Esta guerra não rouba apenas a segurança imediata das crianças, mas também a possibilidade de sonharem com um futuro.


Cada dia que passa, mais vidas inocentes são destruídas, perpetuando um ciclo de sofrimento e desespero.


E, no entanto, a Palestina e a Ucrânia não são casos isolados.


Por todo o mundo, em zonas de conflito, pobreza extrema ou catástrofes ambientais, as crianças estão a pagar o preço de decisões e sistemas que falham em proteger os mais vulneráveis.


Em África, por exemplo, milhões de crianças enfrentam fome severa devido às mudanças climáticas e a políticas económicas injustas.


No Médio Oriente, jovens deslocados por guerras civis vivem em campos de refugiados, sem acesso a cuidados médicos, educação ou segurança.


Mesmo em sociedades consideradas mais desenvolvidas, as crianças enfrentam desigualdades, falta de acesso a educação de qualidade e problemas de saúde mental que são muitas vezes ignorados.


Quando se rouba o futuro às crianças, não se está apenas a condená-las a uma vida de sofrimento.


Rouba-se também a esperança ao mundo.


Afinal, as crianças são os agentes de mudança, as que poderiam construir um amanhã mais justo, livre de guerras e injustiças.


Negar-lhes a oportunidade de crescerem em segurança, com saúde e educação, é perpetuar os ciclos de desigualdade, violência e destruição.


O que está em causa não é apenas um problema local, mas sim uma questão que afecta a humanidade como um todo.


Cabe-nos, como sociedade global, agir para proteger as crianças, garantir os seus direitos e devolver-lhes o futuro que lhes pertence por direito.


Só assim poderemos restaurar a esperança no mundo e acreditar que é possível construir um amanhã melhor para todos.

 

Lisboa, 22 de Novembro de 2024

 

 

Nuno Tinoco Ferreira

XV Grão-Mestre da Grande Loja Nacional Portuguesa

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